sexta-feira, janeiro 20, 2006 

CONGRESSO NACIONAL OU VERGONHA NACIONAL ?

Não bastassem as duas passagens aéreas que um parlamentar tem direito por mês, um apartamento funcional, um salário de R$ 8.000,00, uma exorbitante verba de gabinete para contratação de assessoria de R$ 20.000,00 mensais e ainda goza férias de três meses. – Claro! Eles não são trabalhadores. Nem poderiam ser considerados. Isso mostra porque é tão cobiçada e disputada uma vaga no Congresso Nacional. Vida de deputado e senador é sinônimo de conforto, pouco trabalho, muito dinheiro e influência.
O sonho de JK começou a se realizar no plano de metas. Fazer o Brasil crescer 50 anos em apenas cinco, este era o lema de JK. Em 1960 nasce Brasília, cercada por pequenas habitações que abrigavam as centenas de famílias nordestinas que migraram para o planalto central para a construção da nova capital federal e ali alimentar seus sonhos de um futuro melhor. Dava-se ali o início da interiorização do Brasil. Brasília seria um elo entre o país desenvolvido e o país despovoado do Norte. O sonho contou com a colaboração do singular arquiteto Oscar Niemayer e do urbanista Lúcio Costa. Brasília nasceu do sonho de um presidente que tinha como obstinação o desenvolvimento de seu país. O futuro veio e as pequenas habitações, hoje, viraram as cidades satélites do Distrito Federal, tais como, Guará, Taguatinga, Gama e outras. O sonho de JK, Brasília, virou pesadelo quando ali abrigou os homens ferrenhos da ditadura militar e no mais famoso Ato Institucional de número cinco, o AI V, como ficou conhecido, que representou, sem dúvida, o maior atentado aos direitos e garantias individuais e coletivos do povo brasileiro, Brasília envergonhou seu idealizador. Restou o consolo para a juventude que enquanto os militares reprimiam, os jovens se uniam para dá um rumo novo ao rock nacional. Nos porões e garagens da nova capital federal deu início a uma legião de bandas de rock que teve seu auge no início da década de 80, quando surgiram o Capital Inicial, Legião Urbana, Paralamas de Sucesso e os Raimundos, entre outras. Daí entraram em cena outros importantes líderes como Dante de Oliveira, Ulisses Guimarães, Tancredo Neve e outros não menos importantes e passamos pela transição democrática para finalmente chegarmos à tão sonhada democracia brasileira. Mas para quem imaginava que o fim da ditadura representava também o fim da vergonha nacional se enganou. Hoje, Brasília é também o paraíso dos colarinhos brancos, políticos corruptos, muito esquema e entre um escândalo e outro há sempre o empobrecimento de uma nação cada vez mais cética em seus representantes parlamentares.
A capital federal chama a atenção pelo seu arrojo arquitetônico, avenidas largas, o verde quase sempre presente em gramas e jardins para todos os lados, as explanadas dos ministérios e as praças três poderes dão um ar de importância à cidade, e não poderia ser diferente já que dali saem as decisões mais importantes do país. Com tanta beleza e modernidade ela seria perfeita não fosse a imperfeição dos políticos que nela habitam, ofuscando todo seu encanto e beleza, não apenas de uma cidade capital, mas, acima de tudo, que ofusca o brilho e o orgulho de ser brasileiro.
Ironicamente há sobre o Memorial JK uma escultura dele próprio na direção da praça dos três poderes (local onde estão as três cúpulas dos poderes da república: Legislativo, Executivo e Judiciário). Na escultura, JK aparece com o braço direito levantado como se estivesse saudando seu povo, hoje, certamente, se tivéssemos de ouvir de JK o que representa aquele braço levantado ele certamente diria que estaria se dirigindo ao parlamento brasileiro: - saiam, saiam todos! – Devolvam o dinheiro do povo!!! Vocês me envergonham!!! A essa altura os deputados já estariam chegando aos seus estados de origem e pelos cantos do congresso sairiam correndo, quem diria, os nossos ilustres senadores Athur Neto e puxando, quem sabe, ainda com dúvida se devolveria ou não o dinheiro aquele que representa uma das poucas esperanças de honestidade, o nosso querido Jefferson Perez. Mas nem este teve a dignidade de recusar tão vergonhosa fortuna.
E a assim vivemos nós, o povo brasileiro, esperando de ano em ano uma mudança que parece nunca chegar, mas continuemos lutando, de voto em voto tiro e boto, faço o político deputado, senador, governador, prefeito e também vereador. Eles sempre dependerão de nós, ainda que seja de tempo em tempo.

(RAIFRAN BRANDÃO ARAÚJO)

quinta-feira, janeiro 05, 2006 

Princesa do Solimões

As riquezas ilícitas são visíveis nas mãos de quem esconde no escuro preto da cor do carro ou na fachada azul de um prédio, no conforto de um modesto lar, uma mansão. O tio FUNDEF foi generoso, pena que não pode ser herói, como Hobbin Wood, este fazia o contrário, tirava dos ricos e dava aos pobres. Não tem problema, cada autor faz a sua história, é como na vida real, cada um segue por um caminho; uns labutam, outros, usufruem suas riquezas e privilégios. Num país que nasceu sob a ambição mercantilista do homem branco, há de se convir que a herança genética dos colonizadores inescrupulosos tenha ficado por aqui também. Mas para todo mal existe um antídoto, a consciência e a memória são boas fontes de cura, o tempo também ajuda muito na terapia.
Na sabedoria de um povo se encontra ou, pelo menos se espera encontrar, o verdadeiro valor de uma sociedade, o fim de uma máscara, que disfarça e que é a desgraça das piores causas da pobreza e da miséria, das mazelas deixadas por políticos mal vestidos de caráter e despidos de valores que não quer e nem faz do povo ser se quer um cidadão.
Mas não se prenda apenas ao passado, o nariz que é agora empinado, que desfila nos salões e - olhem quanta majestosa beleza ostenta!!! pode mudar de nome, de endereço, até de sexo. Fique atento porque com o dinheiro público se faz riqueza, mas se faz também muita pobreza, isso entristece o povo. De político podre a república vive cheia e não podemos esquecer que também fazemos parte dela. A semente foi plantada, Jornal Acadêmico, e precisa ser regada, não me deixem falando sozinho, feito um passarinho sem asas e sem ninho. Leiam, questionem, repassem a informação, isso nos fará ser quem nós gostaríamos de ser. Ter o respeito que eles têm obrigação de ter conosco e fazer de cada um de nós um cidadão digno do zelo, do bom trato e do cuidado que merece o mais humilde cidadão.
É chegada a hora de romper o silêncio, a omissão, a excessiva e desnecessária compaixão. Se de você ganhou o voto que não bote em sua mão, mas que faça pelo povo, porque assim entra todo mundo e não se suja o cidadão. Aquele que ganha uma passagem para passar o natal ou o ano novo em Tefé ou em Manaus, pobre dele que acha que está sendo ajudado, na verdade, está sendo é roubado porque se a ele foi dado, é porque dele foi tirado. Não se humilhe meu amigo, não aceite uma passagem, muito menos um pedaço de pão, não aceite esmola; reclame por trabalho porque isso sim dignifica o cidadão. Não cobre pelos palcos, muito menos pelas festas, cobre pela educação, a saúde e a segurança de seu filho, exija que faça dele um exemplo de cidadão. Dê orgulho ao seu vizinho não aceite ajuda de político, faça-o trabalhar, honrar seu voto, avalie-o bem e tenha na próxima eleição uma razão para votar ou não nesse que pensou que fosse esperto, mas que morreu ou morre na própria ação.
Povo enganado é ferida mal curada, dá a volta o tempo passa, lá encontra o desgraçado outra vez pedindo o seu voto, humilde e maltratado (só na aparência). – Oh! Pobre homem, se de rico não ficaste, pobre talvez não fique, mas não tira do povo a fome nem a sede de justiça.

Você sabe quem é a princesa do solimões? se não sabe leia outra vez a crônica e tire a sua conclusão.

(RAIFRAN BRANDÃO ARAÚJO)

 

Sidônio, um ano de administração

Nunca um prefeito foi tão aclamado pelos seus eleitores depois de eleito como Sidônio Gonçalves. A comemoração da vitória mostrou o desabafo da população local que se aglomerava nas ruas, esquinas e calçadas para homenagear aquele que representava uma grande expectativa de mudança. A vitória esmagadora colocou nas ruas de Tefé o sentimento mais evidente naquele momento, a necessidade de mudar. Tefé vivia a amargura de uma péssima administração e como uma menina carente que se atira no colo de seu novo amor, o povo de Tefé viu no então prefeito de Alvarães a solução dos problemas de sua cidade. Criou-se então a ilusão de que o novo administrador devolveria o título à cidade de a “Princesinha do Solimões”. No começo até houve um esboço do que seria a nova administração, isso deixou otimista a população e a confiança estava em alta. Vigilância sanitária nas ruas, juizado de menor implacável, criou-se até a famosa frase: - cuidado com o Arruda! Referência cômica, mas respeitosa ao Senhor Arruda que representava naquele momento uma ameaça aos jovens que desrespeitavam o horário de voltar para casa. O trânsito ganhou uma modesta sinalização, foi criada uma Guarda Municipal para orientar os condutores de veículos; garis nas ruas, tudo parecia, à primeira vista, quase perfeito. De grande importância foi o resgate da credibilidade da prefeitura na praça, os cheques emitidos por ela já não metem medo, não são mais sinônimos de calote; o pagamento da folha de pessoal está em dias. Mas convenhamos, tudo isso são coisas tão básicas, representam obrigações tão elementares que só se tornam grandes feitos se comparada à administração anterior e fazer isso seria, no mínimo, um grande contra-senso. A atual administração acabou não defino bem as suas prioridades de governo e investe em obras populares que tem resultado mais imediato do ponto de vista de aceitação popular. Os eventos, sem dúvida, são indispensáveis à cultura local e o povo necessita sim de um espaço para pô-la em prática, mas numa boa administração as políticas públicas devem ser prioridade. Ou se faz tudo de uma vez ou se faz uma de cada, obedecendo, rigorosamente, o que é mais importante para o bem estar social. As obras custeadas pelo governo do estado não podem ser referenciais para o município, logo, ao atual prefeito haverá pela frente mais três anos de mandato para melhorar a sua administração, resgatar a confiança da população e convencê-la de que a maioria das promessas de campanha ainda serão cumpridas se não quiser correr o risco de ter um futuro político questionável. Após um ano de administração frente à prefeitura de Tefé, o novo administrador não se mostra tão eficiente como se esperava, apesar de que em relação a seus concorrentes, pelo menos em um, seguramente foi a melhor opção. Agora é esperar por mais três anos, afinal de contas se for levar em consideração o seu mandato, tivemos apenas ¼ do período de sua administração. Que 2006 seja um ano em que Tefé possa ser um referencial de qualidade de vida e de administração pública, pois dela se espera muitas das mudanças que até agora a população não viu. Da sua própria avaliação de governo, de positivo, o prefeito transpareceu humildade em reconhecer erros, admitiu a ineficiência de alguns assessores e se propôs até a substituí-los, mas demonstrou desconhecer dados importantes que não pode abrir mão um bom administrador. Dos seiscentos mil reais gastos em passagem para Manaus, fica transparente que ou a saúde continua precária ou não se tem controle do que se gasta e isso é péssimo para uma administração. Com relação aos programas federais, o prefeito se mostrou ingênuo ou ingerente ao cogitar que deveriam ser repassados para a Receita Federal ou Polícia Federal, alegando que os programas só comprometem a imagem do administrador. Quanto à realização do concurso, o prefeito se mostrou preocupado em dizer que essa não é uma decisão sua. O discurso pareceu muito incoerente já que isso faz a prefeitura cumprir uma obrigação constitucional e faz valer o quadro de funcionário municipal, tornando com que os funcionários sejam da prefeitura e não do prefeito e que põe fim a um dos grandes males inerentes ao poder público municipal que é atrelar cargos da prefeitura a cabo eleitoral em épocas de eleição, ou uma forma de manter no emprego apenas aqueles que defendem a política adotada pela prefeitura, que durante muito tempo obrigou ou abriga funcionários da prefeitura participarem de comícios e outros eventos que o prefeito acha conveniente. Logo, o concurso público representa uma vitória e não uma ameaça para a população.O Jornal Acadêmico não tem caráter partidário, nem pretende ser inimigo de A ou de B, mas será um eterno parceiro da sociedade tefeense e não poupará os culpados pelas mazelas sociais de nossa cidade. Será um fiscalizador imparcial e implacável dos fatos ocorrentes na sociedade e na política tefeense. Eis que aqui se cumpre uma função importante e legítima da comunidade acadêmica de qualquer universidade e que está respaldada na liberdade de expressão inerente ao Estado democrático de direito, contribuindo com a comunidade local, compartilhando informações, questionando, evidenciando fatos e ajudando o cidadão a se politizar, aguçar seu senso crítico e contribuir na formação de uma ideologia que o faça valorizar o coletivo e combater o benefício individual que é nocivo à vida social.

*O Jornal Acadêmico é um jornal que circula livremente na UEA e para o município. Alguns textos aqui postados são retirados desta publicação.

Quem é Raifran?

  • I'm Raifran Brandão Araújo
  • From Zé Doca, Ma - Tefé/Am, Brazil
  • A internet é esse fantástico mundo sem fronteiras e me sinto no dever de fazer dela um elo de comunicação entre a sociedade e a informação. Denunciar, criticar, sugerir e tudo que possa valorizar a sociedade e o espaço democrático. “Não podemos deixar que os desmandos das oligarquias políticas continuem tirando dos ribeirinhos o sonho de serem cidadãos". É preciso criar uma ruptura cultural e este espaço valoriza isso”. Sou Idealista, poeta amador, diretor e fundador do Jornal Folha de Tefé, lançado em 25/08/2007 e O Solimões.
Meu Perfil
Powered by Blogger
and Marcelo Braga